quarta-feira, 27 de março de 2013

Outono

Precisa muita serenidade para ver o tempo avançando, assim como alguém montado em uma bicicleta que se lança ladeira abaixo, nem freiando para ele se deter.
No outono as folhas amarelam e caem, o vento corta o rosto no final do dia e as noites já esfriam nosso descansar.
Uma mulher também outona, perde o viço, as cores mudam no cabelo, na pele, nas entranhas. Por vezes não atrai mais, não sangra mais, não deseja como antes.
Uma mulher que se conhece pode passar por este tempo numa eterna primavera, se mantiver seu corpo em movimento, seu cérebro em pensamento e seus beijos na ponta da boca.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Com a chuva na janela

Um gole após o outro eu vou sorvendo desta bebida gelada,
Que espalha por onde passa um frescor que me devassa.
Uma lágrima após a outra, eu vou curtindo este choro contido,
Que limpa por onde escorre, na minha pele onde passa.
Um passo após o outro eu vou correndo nesta avenida,
Que compete com meu compasso e me deixa embevecida.
Se é dia ou se é noite, eu não posso saber,
Estou toda concentrada
Em cuidar do meu viver.



segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Zona de Conforto

É confortável viver sempre com os mesmos pensamentos,
Controlar os próprios sentimentos,
Esconder ressentimentos.
Viver acostumado com o comportamento,
Sem perdas, sem riscos e sem medo.
O que protege é uma falsa segurança,
Uma janela com cortinas, um horizonte que limita.
Você pode seguir neste marasmo, onde tudo é tão calmo
E totalmente previsível.
Você chega sempre em casa no horário do jantar,
Teu chinelo está ali, ao lado da porta, te esperando para andar.
Um dia você será testado, instigado a experimentar
Circunstâncias que te puxam com a força da maré.
Você vai ser convidado, a passar a rebentação
Para alcançar o melhor pico, e ganhar satisfação.
Mexa os braços, bata os pés, puxe e solte bem o ar,
Vá nadando na corrente e enfrente este mar.


 Foto: Zona de Conforto (Angela)

É confortável viver sempre com os mesmos pensamentos,
Controlar os próprios sentimentos,
Esconder ressentimentos.
Viver acostumado com o comportamento,
Sem perdas, sem riscos e sem medo.
O que protege é uma falsa segurança,
Uma janela com cortinas, um horizonte que limita.
Você pode seguir neste marasmo, onde tudo é tão calmo
E totalmente previsível.
Você chega sempre em casa no horário do jantar,
Teu chinelo está ali, ao lado da porta, te esperando para andar.
Um dia você será testado, instigado a experimentar 
Circunstâncias que te puxam com a força da maré.
Você vai ser convidado, a passar a rebentação
Para alcançar o melhor pico, e ganhar satisfação.
Mexa os braços, bata os pés, puxe e solte bem o ar, 
Vá nadando na corrente e enfrente este mar.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Leiam, mas não pensem que as palavras me revelam. Elas me lavam, levam a tristeza e trazem tranqüilidade. São mensagens que quero compor.

Eu construí uma dor
E destruí um amor.
Por favor, não pense em mim
Como uma flor que despetala-se
E esmorece, da qual se esquece.
Lembre-se que já fui a rosa
Mais linda do teu jardim.
Você estará sempre em mim,
Essencialmente em mim.

Querendo ser eterna me tornei efêmera,
A fêmea que a solidão tomou conta.
Por favor, não toque em mim.
Eu me desmancho em prantos
E desencantos.
Estou tomada de dor.


 Foto: Leiam, mas não pensem que as palavras me revelam. Elas me lavam, levam a tristeza e trazem tranqüilidade. São mensagens que quero compor.

Eu construí uma dor
E destruí um amor.
Por favor, não pense em mim
Como uma flor que despetala-se
E esmorece, da qual se esquece.
Lembre-se que já fui a rosa 
Mais linda do teu jardim.
Você estará sempre em mim, 
Essencialmente em mim.

Querendo ser eterna me tornei efêmera,
A fêmea que a solidão tomou conta.
Por favor, não toque em mim.
Eu me desmancho em prantos
E desencantos.
Estou tomada de dor.