domingo, 27 de março de 2011

bem que eu tento

Oi. Bem que eu tento, prometo, me esforço, mas não consigo tirar de dentro de mim essa imagem negativa que tenho de mim. Quem cresce com a certeza de que ninguém gosta de si, deveria saber que isso não pode ser verdade, caso contrário, como teria crescido e chegado até aqui? O lado racional sabe que sou amada, tenho amigos. Mesmo assim, a estima lá em baixo aparece como uma nuvem negra sobre a cabeça: cabrum!!!!!!!!caiu a tempestade. Creiam, eu tento acreditar no que sou, mas ainda vivo com a sombra do que fui. 
Já me deram os parabéns pelo Blog, dizendo admirar a coragem de publicar textos meus; pela coragem de me expor; pela conquista que obtive. E eu quero agradecer a todos que são da minha vida, por me deixarem ser da sua também, nem que seja durante os poucos minutos em que passeiam por aqui.

O vento bate na minha janela.
Ele lá fora. Aqui dentro eu. Somente eu.
Dormem os outros, os amores, os amados, os amigos.
A porta está fechada, a janela trancada, a vida guardada.
Do vento, da noite, do medo da sombra.
Divagações, alterações, criações.
A madrugada inspira e esfria.
A mente e o coração.
E eu fico aqui, a pensar, a ouvir a esperar.
No que fazer, o vento, o sono bater.
Vamos dormir que a manhã vai chegar.




terça-feira, 22 de março de 2011

O Poetinha

Hoje adormeço com este soneto, de Vinicius de Moraes, conhecido como "Poetinha", grandioso poeta, escritor, letrista e bon vivant inspirador.

Soneto da Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Japão

Será preciso mais muito sinais para que compreendamos que já é hora de por em prática a lição que a natureza nos apresenta: respeito as suas leis? Se você planta ventos, só poderá colher a tempestade. Os quatro elementos da natureza enfureceram-se e dizimaram o Japão, país altamente desenvolvido, que havia se recuperado tão bem da segunda-guerra mundial. São as provas, o karma, desta vez coletivo.No passado sofreram com a bomba atômica (Hiroshima e Nagazaki) e agora estão cheios de usinas atômicas que voltaram-se contra os seus criadores. Pensem nas crianças, mudas, telepáticas...

Rosa de Hiroshima (Composição: Vinícius de Moraes / Gerson Conrad)

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

domingo, 13 de março de 2011

Chuva que cai sem parar

Chove muito em todos os lugares perto e longe. Sinal de que devemos nos recolher um pouco e pensar no que o céu nos envia. Quando eu era criança eu adorava desenhar o ciclo da água, achava lindo as nuvens, o rio, a terra, as árvores, a água nas suas formas líquida e gasosa. Subindo evaporada das plantas e da terra, descendo liquifeita de dentro das nuvens. Hoje a chuva me deixa melancólica e, por vezes, aborrecida, porque vejo muita umidade, e umidade me deixa cansada, com bronquite, sinusite, e outras ites.
O que resta é agradecer por ter uma casa que não foi alagada, uma familia que não foi dizimada por uma onda, um tremor, uma catástrofe, tragédia. Merecedores que somos de uma vida digna e privilegiada, devemos agradecer sempre e orar pelos que não tem o merecimento de viverem tão bem. Que recebam nossas vibrações de luz e de tranquilidade, se é que é possível manter a calma diante da perda de alguém que se foi levado pela água ou pela terra.

Músicas que me lembram ou falam da chuva

"... Água que o sol evapora / Pro céu vai embora / Virar nuvens de algodão...
Gotas de água da chuva / Alegre arco-íris / Sobre a plantação / Gotas de água da chuva
Tão tristes, são lágrimas / Na inundação..." (Planeta´Água - Guilherme Arantes)


"... olho para a chuva que não quer cessar, nela vejo meu amor... essa chuva ingrata que nao vai parar, pra aliviar a minhar dor... chuva traga o meu benzinho, pois preciso de carinho..." (Ritmo da Chuva - Demétrius)

"... chove lá fora e aqui tá tanto frio, me dá vontade de saber... aonde está voce?... (Me chama - Lobão)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Nada do que foi será...

... do jeito que já foi um dia...

Não tem como ser o que já fomos, voltar no tempo, reviver o ontem, buscar o que ficou. Hoje esotu meio melancólica e saudosista. Saudade da menina que eu fui, calada, tímida e medrosa. Saudade da adolescente rebelde mas sonhadora. Moça bonita, mulher pensadora, mãe de família, escritora. Agora não sei me definir tão bem, mas sinto que me transformei, quisera fosse apenas para melhor, mas às vezes dou um passo para frente e dois para trás, neste caminho da minha evolução.

Deixo aqui uma música também, que me agrada. Aprendi a gostar deste rapazes com o Marcelo.

Senhora e Senhor (Titãs)

Veja só o que restou
Do nosso caso de amor
Uma casa com varanda
E um jardim que não dá flor
Uma geladeira cheia de comidas sem sabor
Um programa interminável diante do televisor
Uma lâmpada queimada no lustre do corredor...
O pensamento distante para evitar a dor
O olhar tão desbotado que já não distingue cor
Velhas rugas escondidas
Debaixo do cobertor
Saudades, indiferença
Decadência e mau humor
Tratamento respeitável
De senhora e senhor
Veja só o que restou
Do nosso caso de amor
Uma casa com varanda
E um jardim que não dá flor
Uma geladeira cheia de comidas sem sabor
Um programa interminável diante do televisor
Uma lâmpada queimada no lustre do corredor...
O pensamento distante para evitar a dor
O olhar tão desbotado que já não distingue cor
Velhas rugas escondidas
Debaixo do cobertor
Saudades, indiferença
Decadência e mau humor
Tratamento respeitável
De senhora e senhor



quarta-feira, 2 de março de 2011

Produção própria

Me comprometi, comigo mesma, a postar aqui meus escritos, por isso, segue mais um.

NO FIM

Mesmo que seja assim, 
Tem que ser, para mim, algo assim 
Produtivo, criativo, inventivo.
Você é sempre assim, algo para mim, dentro de mim.
Perfume, aroma, gosto e sabor sem fim.
Um jardim, jasmim, capim.

Escalar o alto, a montanha, em um salto.
Lutar por um fim, junto de mim, você é assim.
Esconder-se no fim, na noite por mim.
Pensar em você, saber de você,
Nunca deixei de fazer, de gostar, de querer.

Como aprender a ser sem você, 
Se você é assim, tudo para mim, no fim.




A lição dos cisnes

Hoje, melancólica e pensativa, tentando encontrar palavras que exprimam meus sentimentos. Na falta delas, um poema que me acompanha, desde que o descobri, na minha adolescência em um amarelado livro de poesias. Eu vivia enterrada nos livros nesta fase da minha vida. Curtam comigo a parceria dos cisnes.

Cisne (Júlio Salusse)

A vida, manso algo azul algumas vezes, 
Algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente 
Um lago azul sem ondas, sem espumas.

Sobre ele, quando, desfazendo as brumas matinais,
Rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vagamos indolentemente, 
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto, 
No lago, onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo, cheio de saudade, 
Nunca mais cante, nem sozinho nade, 
Nem nade nunca ao lado de outro cisne!