Houve uma vez um verão...
De repente
me sinto tão mais distante da criança que fui um dia: aquela menina
magricela que ficava bronzeada por inteiro de tantos dias ao sol do
verão. Tenho lembranças da menina chorona e triste, cuja grande alegria
na vida era a chegada do verão, que trazia consigo as férias, ah, as
férias, coisa mais esperada. As crianças da minha infância contavam os
dias que faltavam para suas datas especiais, as expectativas existiam;
os dias custavam a passar quando queríamos que, por exemplo, o mês de
nosso aniversário chegasse, ou o mês das férias. As noites eram longas,
pois tínhamos que dormir cedo e cedo acordávamos, sempre dispostos, sem
reclamar. Não tive um local para chamar de meu, na infância, pois muitas
foram as minhas moradas, mas sempre, as férias foram as melhores, na
velha casa de praia, com minha avó querida e primos igualmente queridos.
À praia só podíamos ir pela manhã, bem cedo, não existia o horário de
verão, o sol era saudável, sem protetor, nossa pele escurecia, e nossos
dias eram quentes, mas suportáveis, nada de ar condicionado, muito menos
ventilador, janelas abertas, sugando a brisa do mar. Por isso, vivendo
hoje neste novo século, convivendo com o aquecimento exagerado, com um
sol não mais tão amigo, com muitos cremes e protetores, me entreguei à
nostalgia e a uma reflexão sobre a vida cheia de energia que mereço
viver.
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